quinta-feira, 26 de maio de 2011

Vítima do Dualismo (Augusto dos Anjos)

Ser miserável dentre os miseráveis,
Carrego em minhas células sombrias
Antagonismos irreconciliáveis
E as mais opostas idiosincrasias!

Muito mais cedo do que o imaginava
Dei-vos, minha alma, enfim, dada às bravias
Cóleras dos dualismos implacáveis
E à gula negra das antinomias!

Psique biforme, o Céu e o Inferno absorvo...
Criação a um tempo escura e cor-de-rosa,
Feita dos mais variáveis elementos,

Cerva-se em minha alma como um corvo,
A simultaneidade ultramonstruosa
De todos os contrastes temulentos!

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